Museu do Seringal

Em Manaus há um museu diferente, que te leva a conhecer mais sobre a história da borracha e sobre a natureza que envolve o processo. Esse é o Museu do Seringal.

O museu está localizado no Igarapé São João em Vila Paraíso. O local do museu nunca foi um local de extração e trabalho seringal, mas sim, foi construído para ser o cenário do filme “A Selva” (estrelado por Maitê Proença). Portanto ele reproduz fielmente um seringal que existiu de verdade em Humaitá, no Amazonas. Ir ao museu é um passeio que te fará fazer uma viagem no tempo e voltar aos tempos do Ciclo da Borracha.

Se você não se lembra, ou desconhece o que foi o Ciclo da Borracha. Esse foi um período de grande importância econômica para o Brasil, pois comercializavam borracha, essa vinda através do látex retirado das árvores seringueiras existentes na região Amazônica.

 

Como chegar

Chegar no Museu do Seringal já e um passeio, porque o acesso se dá apenas de barco. Aliás indico tirarem um dia inteiro para irem ao local e aproveitarem para conhecerem algumas das “paradas” pelo caminho. O barco que devem pegar sai da Marina do Davi que fica no final da Praia de Ponta Negra. Ali vocês devem procurar a barraca da ACAMDAF, essa é a responsável pela venda dos bilhetes. Para comprar seu bilhete basta falar que vai ao Museu do Seringal. O valor quando eu fui estava R$ 14,00 para ir e R$ 14,00 para voltar.O trajeto de barco tem duração de aproximadamente 25 minutos e ele vai fazendo algumas paradas, essas se necessárias. Ou seja, se algum passageiro for desembarcar ou embarcar em uma delas.


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Como funciona a visitação ao museu

Logo que você chega, você já vê quão diferente e interessante é o museu. A entrada custa R$ 5,00 e te dá direito a uma visita guiada e depois ficar o tempo livre que precisar. Não tem horários corretos para começarem os tours, eles esperam juntar um grupo, ou se perceberem que não está chegando e já iniciam. Quando eu fui, chegou junto a mim, mais umas 4 pessoas, fizemos nosso tour em 5 e foi bem tranquilo.

O horário de encerramento do museu é às 16h, mas saibam que vocês ficarão pelo menos duas horas lá. Eu fiquei boa parte do meu dia e amei o local. Se forem fazer como eu, deixo como dica: levarem algo para comer. Pois no local não há restaurante e lanchonete, na verdade tinham alguns chocolates apenas para venda. Caso esqueceram de comprar, nos arredores da Marina do Davi tem várias barraquinhas vendendo alguns petisquinhos.

O  tour inicia pela Casa do Barão, uma casa de dois andares toda mobiliada com peças da época. Uma casa que você percebe que para aqueles tempos era bem refinada, pois possuía louças de prata, candelabros de prata, vasos importados, relógios suíços, piano e até gramofone. Ela definitivamente mostrava a riqueza e o poder do barão. Por todos os cômodos que passarem na casa, vocês verão que estão todos mobiliados e os itens estão muito bem conservados. Na casa você conhece as salas de estar e jantar, cozinha com fogão à lenha, quartos, área de lazer e varanda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Durante todo o percurso o guia vai explicando a história do seringal e engloba a história de três importantes pessoas: o barão Juca Tristão, sua filha dona Iaiá e o escritor português José Maria Ferreira de Castro que foi trabalhar como escrivão, mas acabou sendo colocado para trabalhar no seringal. Esse escritor é o autor do libro “A Selva” que inspirou no filme de mesmo nome.

Após conhecermos a casa e o jardim de fundo que contava com uma horta, fomos ao Barracão de aviamento. Nesse os seringueiros compravam os equipamentos que possibilitavam-os de trabalhar e também adquiriam ali seus alimentos e mantimentos.


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Muitos dos seringueiros que trabalharam ali eram nordestinos que fugiam da seca e chegavam achando que o seringal iria resolver a vida deles. Vinham com o pensamento de que ali enriqueceriam, mas isso não passava de ilusão, pois o seringal era um trabalho árduo e difícil. Eles já chegavam com dívidas, pois já tinham gastos da passagem, alimentação e moradia. Com isso precisavam trabalhar o máximo que pudessem pagar suas dívidas, mas com decorrer do tempo ali, faziam mais dívidas, pois compravam seus mantimentos. Ou seja, era um trabalho semelhante a escravidão. Os seringueiros tinham uma meta a ser atingida, estipulada pelo barão. Essa era de 50 quilos de de borracha por semana e se não conseguissem bater essa meta, eles não podiam retirar sua comida. Ou seja, faziam mais dívidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A próxima parada da visita foi na casa de banho, para quem assistiu o filme, uma das cenas que chamam a atenção é a hora do banho de Iaiá (atuado pela atriz Maitê Proença). E ali você percebia que tinham brechas nas madeiras, e era como o português a espiava tomando banho. A próxima parada foi a Capela de Nossa Senhora da Conceição, uma capelinha pequena, mas linda que era o local onde os seringueiros rezavam para conseguirem uma vida melhor e fazer suas graças.

A visita continua, mas dessa vez entramos um pouco mata à dentro e conhecemos o local em que estão as seringueiras. Essas árvores são realmente grandiosas e a partir delas surgiu toda essa história. Delas se extrai o látex, matéria prima na fabricação da borracha. O guia nos mostrou como era retirado o látex das seringueiras e também mostrou os cortes deixados nas seringueiras.

Esse látex era levado a um local em que sofria defumação, para depois ser transformado em borracha. A fumaça que saía durante esse processo era MUITO prejudicial a saúde, provocava muitas doenças nos seringueiros que a inalavam, alguns ficavam cegos, outros ficavam com problemas respiratórios e grande parte acabavam morrendo de tuberculose.  Durante a visita passamos por esse lugar e também pelo cemitério, onde eram enterrados os seringueiros que morriam no seringal.


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Perto desse local de trabalho há uma pequena casa e humilde, toda feita em palha e continha apenas um cômodo com uma cama, essa era destinada ao seringueiro de confiança do barão. Era gritante o contraste entre a riqueza do barão e a pobreza dos seringueiros. O último local de visita é na Casa da Farinha, onde a mandioca era ralada e prensada, antes de seguir para o armazém.

O fim dessas histórias de seringal aconteceu quando um inglês contrabandeou algumas mudas de seringueiras do Brasil e as plantou na Malásia. A partir de 1912 essas mudas começaram a produzir borracha e elas eram comercializadas mais baratas que a nossa, levando-nos a passar por uma crise econômica na época.

 

Todo museu envolve muita história e esse de uma forma dinâmica te leva a saber um pouco mais sobre uma época do nosso próprio país, sabendo como era feito o processo durante nosso auge e também ver que tudo isso acabou em nosso declínio. Um passeio com cenários lindíssimos e que vocês vão sempre se lembrar.

 

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